8 de março de 2015

Viagem Sem Rumo

     Jogo meu celular no rio, junto com tudo que possa me localizar. Uso o dinheiro que eu guardei para comprar um moto nova, que ninguém conhece a placa. E saio. É isso. Hoje é o dia em que eu estou livre. E, ao lembrar de tudo que eu deixei para trás, ao lembrar de tudo que acabou, uma lágrima molha meu rosto.
     Deixei tudo para trás. Meus pais, que eram alcoólatras, a faculdade que eu nunca quis fazer, meus amigos em quem nunca pude confiar, meu amor secreto, que está deitado com outro. Porra. Fugir foi a melhor coisa que eu já fiz. E, ao contrario do que eu pensei, eu não me sinto fraco, eu não me sinto covarde por fugir. As vezes a vida te ataca para te dar o que você sempre quis.
     E agora? Eu não ligo. De mendigo á milionário, do que faria diferença? O vazio vai ser o mesmo. Preciso de uma pausa. Preciso dormir em uma barraca com vista para as estrelas, beber água do rio, e comer frutas que talvez me matem.
     E depois? Eu não ligo, mas vou receber com um sorriso tudo que a vida queira me mandar.

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