Luzes brilhantes e algumas decorações, como se isso fosse mudar algo. Três semanas. Como eles podem sorrir, parece até uma traição, mesmo sendo todos falsos. Reunião familiar anual. Gostaria de ser forte, gostaria de ter alguém para me fazer forte.
"Quer mais suco Hill?" Pequenos braços gordinhos se esforçavam para manter a caixa no ar. Lotado de açúcar. Só fiz com não com a cabeça e voltei a observar o jogo. Cinco crianças em uma disputa no jogo da vida, ótimo. 'Por que não deixamos nossa adolescente com as crianças por mais um ano? Afinal, ainda há ano que vem'. Para quem?
A TV ligada em filmes infantis e sendo alternada para cantigas do feriado, tudo pelas crianças, eu acho. "Acho que eu não aguento mais" palavras trocadas no refúgio da sacada, "Vamos, pela vó, olhe para ela!", parentes e falsidade. Frágil.
"HILL!", "Sim?", "Por favor, tome conta das crianças." Acenei com a cabeça, excelente, mais três para a brincadeira, porém nada melhor que os comentários. 'Nossa, como você cresceu', 'Que bela jovem', 'Quase uma adulta, hein?'. Mentiras.
Chequei pela terceira vez o celular e sorri, mesmo que minha vontade fosse de chorar a cada risada que vinha da sala de jantar. 'Sobreviveu?', 'Tentando'. Quem me dera Tyler estivesse aqui, nossa tarde foi a melhor, mesmo que me sentisse uma traidora. Tão frágil e pequena no meu colo. Dor.
Mais uma criança se aninhando a mim para dormir, "Noite Hill", e tudo que eu posso fazer é um leve carinho até que posso leva-la para outro cômodo, 'Quem me dera eu ficar aqui'. No caminho da volta passei um pouco antes de retornar para a sala. Quatro garrafas já vazias. Ótimo. "Como você tem passado?" talvez você soubesse se ao menos se importasse. "Hill?" pelo menos três pequenos correm em minha direção, afobados, "Já é hora?" Nego e eles suspiram e retornam para seus jogos.
Sento e observo o que eles tinham tanto orgulho em me mostrar, uma árvore cheia de bolas vazias como meus sonhos, aquele amarelo no topo me zombava, lembrando-me da coloração dela e me vi novamente naquele dia. Somente três semanas. Novamente aquele cheiro nauseante me atingiu e fui abraçada pela nostalgia e pela dor. Traidores.
Acho que passei mais tempo no meu mundo do que esperado, porque agora meu celular vibrava intensamente. Tyler. 'Oi', 'Ah, que alívio, você está bem', 'Defina bem', 'Hill, não brinca comigo', 'Ty, parece que eles estão zombando da minha cara!' saí da sala discretamente e foi minha vez de buscar refúgio na sacada, 'Ei, não é culpa deles', 'Então é minha?' chorava como antes, 'Não coloque palavras na minha boca. É uma comemoração, ninguém quer ficar triste', 'Pois eu estou, Ty, e ninguém percebe', 'Então pode me chamar de Ninguém' ri fracamente, 'Ok, Ninguém, qual é o motivo da ligação?', 'Não posso querer saber da minha garota favorita mais?', "HILL!" seis vozes me chamavam da sala com urgência. 'Perdão Ninguém, meu dever me chama', 'Ok'.
Limpei as lágrimas e respirei algumas vezes para me acalmar, "HILL!!!!!", "Ok, já ouvi". Assim que fui localizada todos passaram a me puxar em direção ao seu orgulho, o qual zombava de mim, e cada um queria que eu os desse uma atenção especial. Fiz meu melhor até que todos decidiram se reunir, e trazerem a falsidade também, e o amontoado aumentou. Tentei ao meu máximo sair de lá e assim que me virei e a vi cair, quase que em câmera lenta, e sua grande estrela se espatifou. Frágil.
No meio de gritos dos pequenos e palavrões dos maiores me vi chorando e correndo para qualquer lugar que não fosse aquele. "Você a viu, só fica naquele telefone, como se não tivesse família", "Ela era melhor quando pequena, mais animada", claro, afinal, naquela época, vocês não zombavam de mim e tudo parecia perfeito. Tão frágil.
Assim que me encontrei ao ar livre me permiti sentar e chorar. Novamente aquele dia. Três semanas. Tudo aconteceu tão rápido, em um momento ela estava bem, no outro, internada na terceira clínica. Já era o sexto exame e o quinto tratamento, quarto veterinário. Um momento eles estavam na sala, no outro, eu estava sozinha, 'Por que nunca me deixam participar?' e logo eu estava segurando-a no colo pela última vez, amarela e em dor. 'É o melhor para você, eu prometo' e ela me olhava como se entendesse, lambendo minhas lágrimas. Frágil até demais.
"Hill? HILL!", um choque e rapidamente estava no chão, quando me levantei? Tyler? O que ele está fazendo aqui? "Nossa Hill, eu achei que eu ia te perder dessa vez, o que você estava fazendo no meio da rua?" no meio da rua? Não me lembro nem de levantar. "Ty, eu não sei", "Ei, não é sua culpa, está tudo bem agora, vem" e me ergueu como se eu fosse nada, não duvido.
"De qualquer forma, Feliz Natal Hill" um pequeno pacote que não estava embalado, uma pequena caixa preia de papelão com um bilhete dentro 'Olhe para cima, por favor'. Olhei. Um visco. Só agora reparei o quão perto estávamos, a ansiedade presente em sua feição. Olhei em seus olhos e ajeitei seu cabelo, "Isso é um sim?", "Claro Bobão".
Tudo e todos tão frágeis, suas relações e reações, porém finalmente achei alguém para ser forte.
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