18 de março de 2014

Afogada em sua Própria Miséria

Recostei me na parede fria de azulejos.
Uma. Duas. Três gotas de sangue.

Chorava baixinho enquanto sussurrava: 'Ele não pode ir. Ele me prometeu que ia ficar comigo' . Apertei o braço com mais força enquanto as lágrimas desciam pelo meu rosto. 'Ele fez uma promessa para mim, ele olhou em meus olhos'
Passei a lâmina com mais força

Eu me lembrava de nossas conversas, de como ele se preocupava. 'Você não pode comer somente isso. Pegue meu sanduíche', meus olhos ardiam de tanto chorar. Que horas será que eram? Mais de três. Eu não estou com sono mesmo.
As gotas vermelhas se destacavam
naquele chão claro e frio

Lá vinha de novo. O jantar voltou, bebê. Aproximei-me do vaso e deixei tudo sair. 'Você não pode fazer isso consigo mesma' ele dizia isso para mim. Limpei a boca. Minha boca procurava ar para encher meus pulmões, mas parecia que o ar havia se extinguido da terra.
O sangue já descia pelo meu cotovelo
e as lágrimas encharcaram
minha blusa

Estou tão sozinha, desde que ele arranjou aquela namorada, ele se esqueceu de mim. O que ela tem que eu não tenho? Ela não é mais magra do que eu. Ela não é mais realista do que eu. Ela não precisa dele como eu preciso.
Aquela pequena caixinha me chamava

Por sua causa eu me manti viva. Não morri de fome, nem de falta de sangue. Mas será por você que eu irei morrer. Com minha visão embaçada pelas lágrimas, peguei aquela caixinha e engoli todo o seu conteúdo.
Lá estava, um corpo afundando em
sua própria miséria 

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